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"Minh’alma, de sonhar-Te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de Te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que Tu és já toda a minha Vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do Teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em Ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que Tu és como Deus: Princípio e Fim!...”
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Flor Bela de Alma da Conceição Espanca (1896 – 1930) escreveu seu primeiro poema aos 7 anos de idade. “A Vida e a Morte”. Casou-se no seu aniversário de 17 anos. Concluiu o curso de Letras aos 21.
Foi a primeira mulher a adentrar o curso de Direito da Universidade de Lisboa.
Sofreu um aborto involuntário aos 23 anos.
Publicou o “Livro de Mágoas”.
Começou a apresentar quadro de transtornos mentais. Separou-se. Casou-se novamente um ano depois. Publicou o “Livro de Soror Saudade” aos 27 anos. Sofreu novo aborto. Separou-se. Aos 29 anos casou-se pela terceira vez. A morte do irmão a abala profundamente. Escreve “As Máscaras do Destino”.
Diagnosticada de um edema pulmonar, tentou suicídio duas vezes, em outubro e novembro de 1930. Conseguiu, afinal, precisamente no dia do seu aniversário... 8 de Dezembro de 1930, por envenenamento.
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Um comentário:
Rubens estou viajando por lindas páginas ,
belíssimo post, abraços agradecidos
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